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sábado, 8 de novembro de 2008

Sétimo Céu

Naquele dia, aquele cara que chegou no prédio puxando a solidão por uma coleira, ficou finalmente conhecido. E reconhecido. A fama é o alimento dessa era. Eram nem duas horas da madrugada, ele e os travestis que fazem ponto na esquina, quase em baixo do prédio, fizeram a festa. Cada um a seu modo, como é o hábito dessa era. Vindo de um coronel reformado do exército, crente e temente a Deus, defensor da ordem e da disciplina, que criou os filhos à imagem e semelhança da justiça, foi surpresa geral. Delírio moral é referência dessa era, cheia de rótulos, produtos e leis de mercado. O sêmem ainda escorrendo vacilante põe em dúvida a tese de suicído, que parte da família defende. O cinto afivelado no pescoço com a ponta enrolada na mão esquerda cria mitos existenciais. A boneca inflável jogada ao lado parece insatisfeita e espantada, nunca vira aquilo, sua configuração é de moça recatada. Sessenta e três anos pesam, confiscam todo o ar do velório. A usinagem é a embreagem dessa era. Entre um cafezinho e outro, familiares e amigos do grupo de convivência da terceira idade preparam a versão oficial. De forma clandestina, que é a cara dessa era, falaram em bondage e hipoxifilia. Atribuíram aos travestis, que é gente que não conta, só espalha.

Um comentário:

Dihelson Mendonça disse...

Marcos leonel, estou tentando entrar em contato contigo pelo seu celular fornecido da OI, e só dá desligado ou fora de área. Precisamos gravar o mais rápido possível, amigão! veja aí um novo número ou como posso fazer para te localizar!

URGENTE,

Dihelson Mendonça