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Crato, Ceará, Brazil
Um buscador, nem sempre perdendo, nem sempre ganhando, mas aprendendo sempre

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Das Inquisições

Em um gesto sinistro
O Papa Sisto IV olhou-se no espelho
E não viu Deus em seu sorriso
Torquemada viu numa grande fogueira
E depositou ali o seu cajado
E em três velhos motores
Jogados em um deserto
Para quem a morte não tem segredo
Depositou o sopro gélido
De milhares de assassinatos
E eles ficaram ali quase soterrados
Sem ter para onde ir
Tiveram desde então
Pesadelos torpes com uma
Longa estrada e uma tempestade
De gasolina vinda do oriente

E eles foram descobertos
Por uma tribo nômade e recorrente
De achadores de cacimbas
Por trás dos montes tem um
Asfalto quente que leva
Em sete léguas bem tiradas
Ao templo erguido sobre as ruínas
Disse um daqueles seres tão tênues
Para um daqueles curiosos
Que colhia restos como relíquias
E veio um templário
E disse aqui é o pagamento
E veio um membro nobre do
Priorado de Sião e disse
Toda folha que seca
Se quebra em pedaços

E logo chegaram os cátaros
Das terras altas de Languedoc
E disseram eis o Homem com um
Vácuo entre seus dentes
E veio um jesuíta em aparição e disse
exigit sincerae devotionis affectus
para o que ficou em um silêncio
incapaz de mais guardar
e veio o fantasma decadente
de um rei ibérico com um tumor
na próstata e disse já não
posso mais mijar em seus tanques
e fazer mover essas polias
e essas engrenagens em torturas
mas foi uma rezadeira que disse
a verdadeira viagem é para dentro

5 comentários:

Eu, Thiago Assis disse...

Gostei do "Toda folha que seca
Se quebra em pedaços". Simples, mas menos real não poderia ser.

Abraço

Rodolpho disse...

E um turbilhão de esquecimentos
refrescam minha memória agora :D

Do caralho :D

Valeu Marcão!

Anônimo disse...

A VERDADEIRA VIAGEM É PRA DENTRO
com certeza meu caro leonel
muito foda porra
massssssssssssa

Marcos Vinícius Leonel disse...

Valeu galera,essa foi e é uma polêmica travada com Armando Rafael, católico radical, que quer menorizar os efeitos devastadores da inquisção espanhola.

abraços

Dihelson Mendonça disse...

Amigo Marcos,

Eu é que agradeço tão boa companhia...

Não é todo dia que a gente tem o prazer de ouvir música na essência, e comentar aqueles trecos com gente que realmente entende e que ouviu de tudo. De Zappa a Stockhausen, de Bach a Hermeto. Tanto é que eu nem deixaria vc sair , não fosse o horário, pois tem zilhões de coisas interessantes a se ver ainda, a conversar e compartilhar. Mas teremos tempo...

Eu muitas vezes me sinto muito só nesta gleba sêca por não encontrar muitas pessoas que possamos conversar abertamente sobre tudo em música. Claro que muitos entendem quando se fala: CHICO BUARQUE.

Mas o Chico para minha ( nossas ) concepções é um compositor popular muito bom e tal, mas pra mim, não é o GRANDE LANCE. Eu não estou mais hoje em dia atrás de acordes com sétima maior nem nonas. Isso eu toquei nos anos 80 e 90. Chegou um ponto em que eu começo a compreender o que o Hermeto disse certa vez numa entrevista e que eu na época achei muita petulância e esquisitice dizer que não ouvia mais os caras desse mundo, e que ouvia música de outros planetas de outros universos.

É porque a coisa naturalmente leva a isso. Eu comecei como vc viu, a trabalhar também esse negócio do som absoluto, o som das auras, em que tudo pode ser música. Cage fez alguma coisa, outros músicos contemporâneos estão trabalhando nisso e o próprio Hermeto é um expoente nesse som das auras no mundo moderno. E eu vejo que a música na sua forma mais pura é isso, é você lidar com qualquer tipo de som, tudo é música, basta captar e aguçar a sensibilidade. As outras músicas continuarão existindo, elas são parte integrante, mas são como rios, e todas elas desaguam nesse mar que é a música plena.

Sendo assim, se for ver por fatores culturais, eu consigo entender a música regional, a MPB, as coisas terrenas, ligadas às pessoas... são organizações tonais humanas.

PROCURO UMA MÚSICA NÃO HUMANA. Busco algo que vislumbrei com os ouvidos e olhos da mente, e que de vez em quando se materializa para mim, e eu tento guardar um pouco desses momentos em composições ou improvisos, ( Como aquele exemplo dos Pássaros e do Telefone ).

Tudo está aí para o banquete de todos! Que pena que ninguém tem fome, nem reconhece a comida.

Eu não sei aonde esse negócio está me levando, devido a estar em mar muito aberto, mas algo me guia, e é um caminho sem volta que eu provavelmente acabarei sozinho, pois o povo quer me ouvir tocar MPB e eu não to mais a fim de ser garçom.

Mas enquanto tiver pessoas com a sua inteligência e conhecimento para dialogar sobre assuntos sérios, e até de me contribuir com valiosas dicas e estímulo, a caminhada pelo mundo dos sons será muito proveitosa. Creio que algo de grandioso ainda irá no fim acontecer. Talvez algo finalmente original ( coisa difícil ), já que já foram até as bordas da galáxia e pensamos às vezes que nada mais há por se inventar. Mas sempre há.

E se assim acontecer, essa busca não terá sido em vão. Tijolo por Tijolo. Por isso, não me arrependo de não ter queimado nenhuma etapa: do velho Richard Clayderman, Pedrinho Mattar, Ernesto Nazareth, Tom Jobim, Bill Evans, Debussy, Stravinsky...é dentro de uma linha do tempo e de profundidade.

Resta que após absorver essas coisas, eu possa TENTAR dar um passo, uma pequena contribuição que seja para a arte da música, afinal, essa é a verdadeira função de todo artista: Tentar ir além...

Um grande abraço,
E muito Obrigado.
Vamos tentar marcar pra Domingo...

Dihelson Mendonça