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segunda-feira, 30 de junho de 2008






THE RACONTEURS, ELES BLEFARAM ?

Vou escrever sobre o primeiro disco deles, “Broken Boy Soldiers”, justamente devido ao lançamento do segundo, “The consolers of the lonely”. Depois de ficar surpreso com o primeiro cd, fiquei ansioso pelo segundo trabalho e fissurado em saber se era só pose ou se o esquemão estava por trás. E eis que os contadores de histórias deram as caras novamente no universo pop.

Há quem diga que eles estão interessados só na diversão, nas drogas e nas mulheres fáceis. Há quem afirme que eles não passam de um monte de branquelos reacionários, tradicionalistas aculturados, que estão apenas restaurando as contas bancárias devido a projetos fracassados anteriormente. Mas há também quem acredite ser o primeiro cd desses pirados um dos melhores lançamentos dos últimos anos. O fato é que não importam as elucubrações, são dois trabalhos bem diferentes.

“The consolers of the lonely”, disponível em cd, vinil, mp3 e download paga ou através da imensa generosidade da rede, cheira a armação da grossa. A maioria das faixas são composições fracas, sem nenhuma inspiração ou nada parecido com “Hands”, por exemplo, do primeiro cd. Existe aí uma clara intenção de atingir um público mais substancial do que o alternativo de sempre. A sonoridade mudou e a pegada também. Ficou mais clara a presença do mainstream, apesar de Jack White e Brendan Benson declararem que não fizeram nenhum tipo de concessão. Faça o download ou escute trechos no myspace e confira você mesmo. Por enquanto sobre “The consolers of the lonely”, não merece mais do que isso.

Já “Broken Boy Soldiers” é outra história e muito bem contada por essa banda de rock’n’roll, liderada por Jack White (White Stripes) e Brendan Benson, guitarras, vocais e composições. Eles se juntaram e levaram o material para o Le Grande Studios de Mathew Ketlee e Brendan Benson, na realidade um pequeno estúdio todo analógico, com maquinário das antigas. O resultado é um direto no fígado da caretice, um dos melhores discos dos últimos anos. Sem espaço para virtuoses ou tentativas imbecilóides de soar como banda que não sabe tocar, só pra ser chamada de indie.

Nas 10 faixas de “Broken Boy Soldiers” o trabalho de guitarras é feito a partir de uma concepção em que o mínimo é mais. Claro que não faltam os timbres valvulados de Jack White e nem o som entrecortado do sinal da guitarra. A escolha dos pedais de efeito é outra sacação desses caras. Fuzz, big muff, Leslie, trêmulo e oitavas alopradas de whami e mudanças de tonalidade são freqüentes. Alguns delays analógicos e reversos também aparecem. Escute por exemplo o mine-solo de “Store bougth bones” e você vai entender.

O disco abre com “Steady as she goes”, um rockão com timbres de fuzz inimagináveis, como se não escuta há tempos. A faixa apresenta também a força dos vocais dos dois guitarristas, com timbres peculiares. “Hands” é sem dúvidas um dos rocks mais poderosos da nova safra, guitarra na frente, com riffs e arpejos muito bem descolados, é pra ser ouvida no talo. “Broken boy soldiers” é inusitada, com um vocal impagável de Jack White é um registro de whami muito legal, além de pontuações de baixo e bateria bem legais. “Intimate secretary” mostra outro arranjo interessante, com ruídos e intervenções de teclados muito bem colocadas. O vocal distorcido aproxima a faixa das experiências modernosas. A primeira metade do disco fecha com uma balada com baixo e bateria na frente e vocais levemente mais altos do que a banda, o que dá um clima verdadeiramente intimista. “Together” é impagável.

A segunda metade abre com “Level”, outra balada, mas com arranjo mais agressivo, com as guitarras aproveitando a distorção natural dos amplificadores valvulados e um solo em oitavas bem legal. “Store bought bones” apresenta um órgão na frente e um solo muito massa, porém ultracurto. “Yellow sun” é uma canção de verão, praticamente acústica, é a que soa mais retrô. “Call it a day” é outra balada, a mais fraca do disco. “Blue veins” inicia com reversão de fitas e depois apresenta uma melodia típica dos filmes de David Linch, com guitarras com trêmulo e timbres valvulados, além de uma letra bem esquisita, no meio tem umas experimentações com delays e fitas, voltando para o clima de balada. Essa é sem dúvidas a melhor faixa do disco, imperdível.

A banda

Jack White - guitarras, vocais e sintetizadores
Brendan Benson - guitarra, vocais e teclados
Jack Lawrence - baixo
Patrick Keeler - bateria e percussão

4 comentários:

Unknown disse...

Fala Marcos.
Cara, acompanho o som da banda. Também não achei o Consolers of The Lonely lá essas coisas, mas acho que tem umas faixas boas. Gostei do vocal louco de Jack White na primeira faixa, e dos timbres e vocal em Many Shades of Black, por mais que seja pop. Tem algumas outras coisas que também deixam uma marca, talvez por uma certa pegada "impactante".
Mas concordo que o Broken Boy Soldiers é bem melhor, um puta cd. Também sou fã de Blue veins, acho uma viagem e tanto. Escutei esse cd até doer o ouvido.
Valeu, t+

Rodolpho disse...

Aquelas paradas que segue com a entrada das frases no teclado, em Store Bought Bones, lembram Deep Purple, mas depois o som mais "sujo" do The Raconteurs faz a diferença, uma boa passagem! Gostei dessa!
Estou tentando ouvir as outras
músicas desse primeiro trabalho, Blue Veins está me soando muito bem, uma pitada de Soul nos vocais, interessante... continuarei pesquisando sobre a banda :D

Deixarei uma dica também, Rose Hill Drive, trio estadunidense de hard rock estilo Grand Funk, no myspace deles tem um video ao vivo super legal. Confiram, vale ver, o rock comendo de esmola :D

Marcos Vinícius Leonel disse...

É Rodrigo, tem umas faixas bem legais, mas outras são muito comerciais, inclusive, não sei se você percebeu, eles deram uma sonoridade mais FM, com um som de bateria cheia de reverb e expansor, achei muit esquisito, e olha que eu sou fã dos caras.
Valeu os comentários, cara.
um abraço

Marcos Vinícius Leonel disse...

Rodolpho, cara faz um tempão que eu gostaria de comentar o som do Rose Hill Drive, mas achei que ninguém conheceria. Eu também acho massa aquele som meio funkeado, com um vozerão na frente.

Cara, em vários momentos o Raconteurs lembra bandas dos 70, nesse novo nem tanto, mas eu acho a sonoridade do Broken muito bem feita, aquele somzão valvulado na masterização é demais, você percebe direito quaqndo escuta no talo, fritando o som.

abraços