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domingo, 1 de junho de 2008


MUTANTES AO VIVO: UM MALDITO DE CLASSE


Esse é um disco sacaneado por muita gente. É uma fase dos Mutantes posterior ao disco Tudo Foi Feito Pelo Sol, que muita gente torce o nariz. Alguns afirmam que é rock progressivo cheio de clichês; outros dizem que está longe de ser um autêntico Mutantes e mais um bocado alega que é muito mal gravado. Mas poucos sabem realmente o valor que esse disco tem.

Em entrevista a Guitar Player, Sérgio Dias demonstra guardar muitas mágoas da gravadora e do produtor Peninha Schimidt, que segundo ele, não cumpriram com o planejado para esse disco, que deveria ser um grande lançamento duplo, com embalagem super-luxo, com várias fotos e encarte. Sérgio afirma que a mixagem não foi adequada e muito menos a seqüência de músicas, como também algumas passagens foram estupidamente cortadas. Era uma aparelhagem de última geração para o período. Foi uma temporada de 6 a 9 de agosto de 1976, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

A banda havia sido reformulada do disco anterior para esse: Sérgio Dias, guitarra e voz; Luciano Alves, teclados e voz; Paulo de Castro, baixo, violino e voz; e Rui Motta, bateria. Grandes nomes do rock nacional e uma puta banda. Na verdade o disco é muito bom, com cada um desses músicos em grande forma. Fora o fato de que realmente é necessário aumentar o som para você sentir o peso, o que se tem é rock de primeira linha.

O disco abre com a belíssima “Anjos do Sul”, que tem uma melodia muito próxima de um mantra, bem ao gosto do período. “Mistérios” é uma verdadeira viagem, com climas de teclados e guitarra com delay e muito reverb. O clima continua com “Trem”, cheia de ecos, preparando para a imperdível “Sagitarius”, que tem uma levada para ser ouvida na estrada, olhando a paisagem.

“Esquizofrenia” é um rock’n’roll típico, com algumas passagens progressivas e mudanças de andamento e solos rápidos de guitarra, já anunciando o que viria depois. Em “Rio de Janeiro” aparecem realmente alguns clichês do progressivo, mas que são neutralizados por um solo de Luciano Alves no sintetizador, que aponta para uma viagem muito inspirada, mas essa é uma das faixas sacaneadas, acaba em fade. Aqui aproveito para mandar Peninha Schimidt à puta que o pariu.

“Loucura pouca é bobagem” é antológica, uma das maiores composições do Mutantes nessa fase, com a guitarra de Sérgio Dias fazendo contra-ponto com o teclado de Luciano Alves, em um dos improvisos mais geniais do rock brasileiro. Sérgio Dias prova que é um dos maiores guitarristas do mundo. Essa música e “Hey Tu”, que tem um andamento mais rápido no solo, formam uma preparação de clima para o solo mais impressionante de todo o disco, em “Rock’n’roll City. Se você quiser saber o que de fato é realmente um guitarrista solo, escute essas três músicas de uma vez. Um registro único.

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Esse disco faz parte da minha discoteca básica. Realmente, muito bom. Pena que essa Pena Schimidt ter metido a mão onde não devia. mesmo assim, o disco é antológico.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Outro dia vi uma participação de Sérgio Dias num, bate papo da Guitar Player e um internauta tocou no assunto, ainda hoje ele é puto. Ele disse que ele e o irmão dele, que é engenheiro eletrônico, tinham investido uma grana alta em equipamentos, o show era para ser coroado com o álbum duplo. O show foi anunciado com grande estardalhaço sobre o equipamento, que era um P.A. importado. Já li comentários daquele Tárik de Sousa falando da potência desse som.