Dos hemisférios
confesso que o farei
mas sem muita convicção
vou abrir o coração
talvez a mente não
pois ela mente
é cheia de demências cotidianas
gosta de elaborar fronteiras
e me meter dentro de extensões
que mais parecem caixas
dentro de outras caixas
sem consentimentos
apenas formadas por formulários
de alfândegas lotadas
de funcionários corruptos
assim tanto é que estive tão ausente
ocupado com minhas perdas
com braças e braças de terras ausentes
que já não fazem parte dos meus domínios
que me fazem sentir um retirante dentro de mim
que me fazem sentir que o meu sofá já não mais me pertence
como o velho computador que
sente ir embora as vogais
e vê o sistemático plano das consoantes
se entramelar entrementes
já o livro de Saramago
com a viagem do elefante Salomão
ainda me olha vislumbrado
já os beijos para os filhos
são imediatos como pés de patos
já os beijos para a amada eterna
resolveram estrelar um número novo nos trapézios
voam com os seus e os meus limites
Esse poema faz parte do livro inédito
"Manual de sobrevivência para astronautas"
e é dedicado a Carlos Rafael e Domingos Barroso
7 comentários:
Saiba, meu camarada,
que um poeta lunático
chamado domingos barroso
é teu irmão.
E o nosso sangue
é pura poesia.
Abraços.
E esse livro inédito já foi lançado?
Thiago Assis,
www.thiagogaru.blogspot.com
Poeta e irmão, essa é nossa sina, assinar a poesia que nos cabe, sempre à espera de um leitor. Quando ele é um poeta igual a você, ela se desdobra, ganha os ares.
abraços
Thiago, esse livro sairá em breve,creio que no primeiro semestre de 2009.
abraços
Belo poema Marcos, massa...
Valeu Rodrigo, bom ter você no ambiente
abraços
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