AQUI VOCÊ ENCONTRA ARTES, DERIVAÇÕES E ALOPRAÇÕES

Quem sou eu

Minha foto
Crato, Ceará, Brazil
Um buscador, nem sempre perdendo, nem sempre ganhando, mas aprendendo sempre

segunda-feira, 26 de maio de 2008






UMA REVOLUÇÃO GERAL


Em 1976 eu esperava ansioso pelo novo LP dos Novos Baianos. Não acreditava nos boatos que a banda acabaria e que cada um seguiria suas carreiras. Depois do badalado Vamos Pro Mundo, em 1974, a banda não tinha lançado nada inédito em 1975. E eis que essa pérola aparece, uma porrada de som, injustamente renegado pelos fãs puristas, como também visto de forma pejorativa pelos rockeiros de plantão.

Esse Lp é tão injustiçado que até agora não mereceu o carinho necessário de quem quer seja, muito menos relançamento remasterizado. A verdade é que esse é o lançamento mais importante da fusão musical dos anos 70. O samba e chorinho são misturados aqui à maior pauleira de baixo e bateria que a música brasileira podia apresentar durante aquele período. Os irmãos Jorginho e Didi Gomes deram o peso que o rock brasileiro não conseguiu em momento algum durante os anos 70. Uma PEGADA, na concepção da palavra.

Para o bem geral da nação Moraes Moreira já tinha pegado o beco desde o lançamento anterior, e Dadi também já tinha saído para formar o A Cor do Som. Não que os dois fossem ruins ou coisa parecida, é que a química antiga já tinha dado o que tinha que dar, não rolava mais. Pepeu então assume a direção geral. Na cola da pegada brasuca, que havia consagrado o grupo, aparecem Ziriguidum e Brasileirinho, mas já com a mistura visceral do rock vindo à tona.

A faixa título é uma obra-prima da música popular brasileira, com letra esperta do Galvão e a musicalidade já conhecida da banda, com intenso trabalho de cavaquinho e bandolim, uma verdadeira escola moderna dos instrumentos. As faixas Rockarnaval; Na Banguela e Barra Lúcifer são verdadeiros achados da fusão rockeira do grupo. Solos e afinações alucinadas de Pepeu, que demonstra aqui todo o seu vigor como guitarrista e muito peso, capaz de ser comparado à consistência da cozinha do Led Zeppelin, mas com muito mais balanço e malandragem.

Se você duvida da injustiça histórica dos críticos e do público para com esse disco, escute a música “Se chorar beba lágrimas” e você vai entender sobre o que eu estou falando. A história da música brasileira não é nada sem a menção a esse disco. Uma verdadeira obra-prima.

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

É Marcos, você tocou na veia e amplificou a pulsação. Boa crítica,cara! é dessas que eu gosto ...

Acho que o bom crítico (aquele também inteligente), deve sempre falar bem das coisas boas, porque falar mal de coisa ruim...

Deu até pra escutar acordes nunca "dantes navegado".

Não conheço ainda este disco na íntegra, somente duas ou três músicas que foram lançadas em antologia. Mas, com todo respeito a Caetano Veloso, o melhor da Bahia ainda são o Novos Baianos; por que os velhos, desde Dorival Caymmi até o o supracitado, são muito bons, mas não são os mejores. Estes são ainda os Novos Baianos, nem tanto caetanos, mas joãogilbertianos misturados com Jimmi Hendrix e Assis Valente.

"De vera...
estou falando de vera...
falando de vera...
e da primavera..."

Marcos Vinícius Leonel disse...

Cara esse disco é paulada pura! Completamente esquecido. Esse é o disco mais rockeiro da banda. Jorginho havia recebido uma bateria da Pearl, com quatro tons e dois bumbos. Ele simplesmente quebra tudo, umas frases muito empenadas, com umas dobradas de bumbos e ximbau muito loucas.

Valeu, cara, pelo encorajamento. Já estou escrevendo várias outras. Um misto de memórias afetivas e crítica musical, aqui e acolá, também vou escolher alguns para desmascarar.

Cara Caetano é muito prepotente, difícil de aturar, principalmente depois dos anos 80 ele só tem feito porcaria, exceto esse último lançamento, que é muito legal.

Valeu a postagem do interblog, achei massa.

abraços, poeta