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terça-feira, 20 de maio de 2008











SOMZEIRA IMPERDÍVEL





A primeira vez que ouvi o Taste eu fique em estado de graça. Era um dia chuvoso e sem graça nenhuma. Havia feito uma troca de LPs com um amigo de correspondência de Minas Gerais, através dos correios. Ele procurava Richie Havens e eu queria qualquer novidade. Ele me escreveu sobre o Taste sem muito entusiasmo e eu desconfiei. Geralmente nas trocas, quando você não tinha muita certeza de se desfazer de uma raridade, você escondia o jogo.





Era o ano de 1976 vésperas do meu aniversário de 14 anos. Confirmamos a troca e eu mandei para ele o meu LP e ele fez o mesmo. Eu jamais esperava o que ia encontrar. Até então já conhecia Blue Cherr, James Gang, Sir Lord Baltimore, West, Bruce & Laing, Cream, Trapeze e uma série de outros power trios. O Taste foi uma verdadeira descoberta. Uma paulada, com feeling, senso de humor, blues, rock e muita genialidade nos dedos e na alma de Rory Gallagher, um guitarrista irlandês, morto precocemente em 1995, vítima de complicações pós operatória de um transplante de fígado.





Rory Gallagher não era de efeitos, usava apenas o overdrive do amplificador. Dono de uma pegada inconfundível. Solos inspirados e composições originais. Um verdadeiro gênio da guitarra, com um senso de improviso que até então eu não tinha experimentado. Esse disco fez com que eu sonhasse com o mundo. Quando eu ouvia suas músicas, e fazia isso várias vezes seguidas por intermináveis meses seguidos, eu sentia vontade de ir embora, de viver a vida fora do Crato.





Agora eu consegui uma coletânea importada, remasterizada, com todas essas músicas e mais outras do segundo e último disco da banda, bem como algumas ao vivo. Esse som é um verdadeiro transporte para outro mundo. Não vacile. Se não conhece ainda, procure conhecer. No período de 1967 a 1975 muitas bandas fizeram sucesso. Umas tocando mais alto do que as outras, como era o caso do Blue Cheer e outras tocando tanto quanto o Jimmy Hendrix Experience, como era o caso do Taste.





1. BLISTER ON THE MOON (Gallagher)
2. LEAVING BLUES(Huddie Ledbetter aka Leadbelly)
3. SUGAR MAMA (Trad. arr. Gallagher)
4. HAIL (Gallagher)
5. BORN ON THE WRONG SIDE OF TIME (Gallagher) 6. DUAL CARRIAGEWAY PAIN (Gallagher)
7. SAME OLD STORY (Gallagher)
8. CATFISH (Trad. arr. Gallagher)
9. I'M MOVING ON (Hank Snow)





Produced by Tony Colton RORY GALLAGHER (Lead Guitar/Harp/Vocals) JOHN WILSON (Drums) RICHARD McCRACKEN (Bass Guitar

Marcos Leonel

9 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Sou testemunha auricular do bom gosto musical de Marcos Leonel, um dos maiores colecionadores de disco(sic), ou, melhor, ouvinte de música, que já conheci.
Sua casa, na rua Nelson Alencar, vivia dia e noite repleta de amigos que se deleitavam com os deliciosos "sobejos" melódicos que eram regurgitados da sua vitrola.
Aproveitei um pouco indiretamente, alimentando-me do "sobejo do sobejo", pois quem tinha acesso àquela "House of Sound" era o meu irmão Orlando, que me apresentava alguns discos que trazia emprestados de Marcos,- verdadeiras perólas pra mim.
E dessa forma, ouvi, pela primeira vez, Led Zeppelin, Janis Joplin, Lennon, Deep Purple, Milton Nascimento, Tom Jobim e, pasmem!, Rory Gallagher. Mas, infelizmente, nuca ouvi The Taste.
Mas, com certeza, uma indicação musical de Marcos é um mapa do tesouro com um "X" marcado no lugar certo.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Cara realmente eram longas tardes de audição, muita gente aparecia por lá e era uma verdadeira festa. Da mesma forma que muitos iam em busca de novidades, outros também apresentavam novidades. Era bem diferente de agora, não é saudosismo não. É que a qualidade era outra realmente. Orlando era um grande curtidor, muito bom gosto e muito antenado. O incrível é que a informação rolava mesmo, nós não tínhamos o acesso que se tem hoje à informação. E todo mundo sabia de tudo.
Valeu poeta.

Carlos Rafael Dias disse...

Meu encontro, de fato e direito, com Marcos Leonel deu-se pelos idos de 1986, quando ele voltou de vez de São Paulo, onde estava radicado há alguns anos, e abriu o primeiro sebo de livro e discos do Cariri: o Et Cetera, em Juazeiro do Norte.

Trabalhei com ele uns seis meses a troco de muito som e boas leituras, e bons papos e muitos planos, dentre eles o de montar a pioneira banda de rock de repertório autoral da região: Os Pombos Urbanos, que depois virou Fator RH.
Aprendi muito com Marcos naqueles dias, não só sobre música, mas também sobre filosofia, religião, arte, cultura, política e conhecimentos gerais.
Encontrar Marcos (um prazer cada vez mais raro), é sempre sinônimo de papo inteligente e profícuo.
Salve, Marcos!
Sempre grato, mestre Marcos.

Marcos Vinícius Leonel disse...

É poeta, aquele foi um tempo de aprendizagem coletiva, todos nós querendo alguma coisa, nem sempre tão clara e nem sempre tão certas. Mas, creia-me poeta, Sandro Valério, meu irmão, e você, também irmão, é que me dissiduadiram a mudar a idéia do ensino acadêmico, foi através do exemplo dele e seu que eu resolvi fazer vestibular, pois eu ainda tinha aquela contra-cultura acirrada. Guardo eternas experiências vivenciadas por nós e admiro muito a sua inteligência, percepção e autenticidade. Todos aqueles momentos nossos foram importantes para a nossa formação. è um grande barato ser seu amigo e participar dessa nossa grande turma.

Carlos Rafael Dias disse...

Eu que agradeço, brother!

Rodolpho disse...

Marcos, conheces Dust?
Outro power trio que ganhou ares de banda cult, igualmente ao West, Bruce and Laing, que apesar de seus mais que famosos integrantes, somente nos dias de hoje estão conseguindo o merecido reconhecimento, talvez pelas remasterizações digiatis de sua obra.
O que acontece hoje com o Dust também, saindo pelo selo alemão Repertoire, que vem fazendo um belo trabalho lançado coleções inteiras em CD como os antigos LPs lançado pela Vertigo no final dos 60's.
Detalhe, Marc Bell, o batera do Dust, depois formou uma das bandas mais famosas do Punk, o Ramones, completa mudança na proposta sonora... mas creio que deves conhecer...
Conheci o Blue Cheer recentemente, gostei muito... e Patto? Conheces?

Olha vai no google e coloca Poeira Zine... vem me auxiliando muito nas minhas aventuras sonoras...

Vou me apresentar :D Sou sobrinho das professoras Aparecida Teles e Francisca Teles, talvez as conheça. Abraço!

Rodolpho disse...

Assim... a Poeira Zine é especializada na música das décadas de 60 e 70, seu último número vem com o Gentle Giant na capa, uma beleza não? Banda que teve também seus primeiros álbuns lançados pela Repertoire, com um formato chamado Mini-LP onde respeitam toda a arte do LP original, acho muito bacana e não vejo a hora de ter essas maravilhas em casa :D

Marcos Vinícius Leonel disse...

Cara muito obrigado pela visita e pelos comentários, conheço sim o Dust, com aquelas capas bem pré-medievais, com aqueles guerreiros ensandecidos. O som do Dust pode parecer leve para os padrões da podreira metaleira atual, mas era muito massa, inclusive muito bem tocado e uma pegada bem diferente da bateria do Ramones. Acho sim que eles ainda sejam injustiçados. Conheço também o poeira zine, que eu considero o melhor fanzine brasileiro sobre rock, os caras só não entendem do resto que não é rock. São muitas informações legais lá, realmente vale a pena. Outro lance legal é você buscar o myspace, tem muita coisa boa para escutar e muita informação, com fotos e tudo mais, além das páginas em inglês. O Patto eu conheço também é outra paulada, parece muito com o Freedom. Ouvi o comentário na rede que quem está de volta em cd é o West, Bruce & Laing, mas ainda não vi esse cd à venda e nem a disposição para baixar. Outra banda interessante do período é o Cactus. O Blue Cheer é muito massa, embora fosse criticado no período pela falta de consciência musical da banda, que não sabia teoria e tocava tudo de improviso e muito alto. Mas quem se importa com isso? O que vale é o som.

Conheço sim o seu pessoal, gente muito especial.

um abraço
vlw

Rodolpho disse...

Realmente a poeira zine deixa a desejar em estilos como o Jazz, por exemplo. Sobre o próprio Miles só vi um pequeno quadrinho até hoje... Mas todas essas bandas conheci no zine, o Blue Cheer que lançou recentemente álbum novo, Patto, Affinity, conhece? Banda inglesa que foi produzida pelo John Paul Jones do Led,quem comanda o vocal é uma mulher, lembra outra banda chamada Frumpy que conheci há pouco também. Essa da Alemanha.

O Freedom nunca ouvi, também o Cactus, mas já li sobre a banda na Poeira, salvo engano eles compartilharam alguns integrantes com o Atomic Rooster, banda que adoro :D

Tudo que tiver Jack Bruce no meio fico apaixonado, pena ser complicado conseguir algo dele fora o Cream!

Obrigado Marcos... até a próxima!