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quarta-feira, 9 de julho de 2008


A CADEIA DESENCADEADA

Uma criança é barbaramente assassinada por policiais militares no Rio de Janeiro, visivelmente drogados. Esse é mais um caso de erro fatal envolvendo inocentes, em meio a mais um patético e bizarro pedido de desculpas à sociedade por parte das autoridades. Não existe mais banda podre nos segmentos públicos do Rio, tudo foi transformado em uma única e imensa bunda cheia de estrias e celulites que caga a sua venalidade por sobre a inércia da maior parte da sociedade, vítima do gás paralisante do rabo preso.

O projeto de lei que impede a candidatura de políticos com ficha suja é deixado de lado, pelos autores que pretendem sujar futuramente suas próprias fichas, e tem previsão de votação só em agosto.Esse é mais um exemplo de que a canalhada que foi eleita não pretende de forma nenhuma largar mão dos instrumentos “legais” que viabilizam a formação de quadrilha e a roubalheira escrachada, diante de uma maioria da sociedade sorridente e esperta, cheia de xinga, provida de jeitinhos e contatos, munida de parentes e aderentes, sempre em busca de resolver uma parada aí através da moeda suprema do voto letal guardado na manga.

Paulinho da “Força” diz que é inocente e que é vítima de “perseguição política”, diante de uma platéia de velhos ladrões empanturrados de pizza, com gorjeta paga ao entregador com dinheiro lavadinho lavadinho, com cheirinho de novo. Esse é mais um caso de fortalecimento do adágio humanista: “você também é capaz”. Se você não tem uma linhagem de políticos de carreira da alta sociedade - ou da baixa mesmo, tanto faz -, ou se você não é dono de uma fortuna súbita e devidamente criminosa, você pode começar por baixo, como presidente de um time de futebol de várzea, presidente de um clube recreativo, presidente de um sindicato, líder comunitário, diretor de uma Ong, não interessa, o importante é você comandar. Seguindo esse caminho ensinado diariamente na política nacional, sua primeira capa em uma revista semanal não custará. Será inesquecível. Será finalmente o estrelato.

Já o Comando Vermelho, que divide o governo das favelas do Rio com as milícias armadas - formadas por policiais civis e militares -, declara o valor das recompensas pela morte de oficiais do exército, envolvidos no narcotráfico.Essa é a declaração universal da utopia da luta armada, da revolução popular, único fenômeno capaz de mandar para o inferno, no paredão de fuzilamento, todos esses filhos da puta sugadores do bem público. Estamos ferrados definitivamente. Não nos resta nem o radicalismo patético dos órfãos de Fidel, a estupidez da revolução também nos foi vetada. Brasileiro quando pega em arma, de forma organizada, forma quadrilha. Oficial ou oficiosa.

Do alto do seu poder totalitário e totalizante, outorgado pela canastrice da ciência, através dos anais e anus da jurisprudência, o presidente do Supremo Tribunal Federal declara que a ação da Polícia Federal ao mandar para a cadeia de uma vez só o ex-prefeito Celso Pitta, o doleiro Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, foi espetaculosa e exibicionista e que esse abuso de poder será revisto. Essa é a estratificação do espetáculo. É a estratificação que estava faltando para organizar a vida pública e privada do brasileiro. Qualquer um podia assumir o papel de estrela, de mocinho ou de bandido.


A guerra de egos estava tornando os noticiários um verdadeiro saco de gatos. Inúmeras sumidades do submundo do crime apareciam e desapareciam assim sem deixar vestígios. Agora ficou tudo claro, depois da resolução do Supremo, a marginália finalmente foi assistida pelo poder público e foi agraciada com o prêmio máximo. Ficou estratificado que espetáculo só pode ser dado pela polícia quando se tratar da ralé. Só quem tem direito a algemas é a pobreza. Foi instituído então, por tabela, que o cargo de palhaço, nesse espetáculo de gala, é nosso. Mas com um detalhe, as risadas conseqüentes serão todas monitoradas e passíveis de processo ou hábeas corpus, dependendo da classe.

Esse é um retrato 3x4 das implicações do poder no Brasil. Você imagina que são ações isoladas. Mas não, está tudo interligado, são velhas pregas muito bem empregadas rumo às cabeças plurais do brasileiro. Historicamente interligadas, como os dentes postiços da dentadura postiça do primeiro rei postiço que desembarcou nessa terra de promissão postiça, o primeiro bandido espetaculoso, aquele que inaugurou essa latrina toda, que de postiça não tem nada, fede mesmo.

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